terça-feira, 29 de julho de 2008

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Sobre a brevidade da vida


Meu irmão, de tanto me ouvir dizer que não tenho tempo, me presenteou com um livro do filósofo romano Sêneca, escrito no início da era cristã .

Não deu para argumentar, que ele não sabia o que era ser um arquiteto nesse mundo de Meu Deus e tendo recebido a alcunha de "senhor ocupado", resolvi encarar esse desafio de ler esse pequeno tratado da filosofia estóica e ver como mudar ou melhorar essa situação e imagem.

Me chamou a atenção de imediato o título da obra: Sobre a brevidade da vida e, de cara também, recebí umas bofetadas que me bateram com a força de conselhos (presentes em meio a afirmações e questionamentos) que já possuem quase dois mil anos.

Ainda não conluí o livro (não tive tempo...) mas já pensei em compartilhar alguns trechos com vocês, envolvendo todos nesse conflito, que pode fazer essa semana começar diferente e também o segundo semestre que já se anuncia.

Um grande abraço a todos! Boa leitura!



"Nenhum homem sábio deixará de se espantar com a cegueira do espírito humano. Ninguém permite que sua propriedade seja invadida e, havendo discórdia quanto aos limites, por menor que seja, os homens pegam em pedras e armas. No entanto, permitem que outros invadam suas vidas de tal modo que eles prórprios conduzem seus invasores a isso. Não se encontra ninguém que queira dividir sua riqueza, mas a vida é distribuída entre muitos! São econômicos na preservação do seu patrimônio, mas desperdiçam o tempo, a única coisa que justificaria a avareza.Agradar-me-ia questionar qualquer um dentre os mais velhos: " Vemos que já atingiste o fim da vida, tens cem ou mais anos. Vamos, faz o cálculo da tua existência. Conta quanto deste tempo foi tirado por um credor, uma amante, pelo poder, por um cliente. Quanto tempo você perdeu nas brigas com sua mulher, na correção dos escravos, nos seus trabalhos de idas e vindas pela cidade. Acrescente a esta perda de tempo as doenças causadas por nossas próprias mãos e também todo o tempo desperdiçado.Verás que tem menos anos do que contas.Lembre-se quantas vezes você persistiu em um projeto; quantos dias tiveram o emprego que você destinava a eles; quais foram as vantagens que você teve de você mesmo; quando seu rosto esteve calmo e seu coração intrépido; quais foram os trabalhos ùteis que preencheram uma sequência tão longa de anos; quantos homens saquearam sua vida, sem que você sentisse o preço do que você perdia; quanto tempo te roubaram as màgoas sem objetos, as alegrias insensatas, a áspera ganância, os charmes da conversação: veja então o pouco tempo que ficou do tempo que te pertencia, e você reconhecerá que sua morte é prematura.Qual é então a causa? Mortais, vocês vivem como se vocês devessem sempre viver. Vocês nunca se lembram da fragilidade de vossa existência; vocês não observam a quantidade de tempo que já passou; e vocês o perdem como se ele jorrasse de uma fonte inesgotável, enquanto que este dia, que vocês dão a terceiros ou a alguma ocupação, talvez seja o último de vossos dias. Vossos temores são de mortais; e vendo vossos desejos nòs dirìamos que vocês são imortais.A maioria dos homens dizem: aos cinquenta anos, eu irei me aposentar; aos sessenta anos, eu renunciarei aos empregos. E quem vos garantiu uma vida mais longa? Quem vai permitir que tudo aconteça como vocês planejam? Vocês não têm vergonha de só reservar para vocês os restos de vossa vida, e de destinar à cultura de vosso espírito o único tempo que não serve mais para nada? Não seria tarde demais começar a viver quando é preciso sair da vida? "(p. 32)

"Não julgues que alguém viveu muito por causa de suas rugas e cabelos brancos: ele não viveu muito, apenas existiu por muito tempo." (pg. 43).